30.4.06

Você pensa que sabe quem eu sou.
Pensa que estas palavras expressam sentimentos e que foram escritas por alguém: carne e osso; de sangue, calor e toque.
Alguém.
Alguém que vocêo pode encontrar, olhar nos olhos e perguntar como se sente.

Pense melhor.

Eu não existo.

Eu
não
existo
mais
para você.

Você não pode mais me encontrar.
Eu sou feito de nada.
De nada é feito meu olhar.

Eu não sinto.

Eu?
Não existo.

23.4.06

À noite...

Já estava feliz de ter conseguido manter uma postura de dignidade diante de patética situação de estar estudando processo sozinho na porta do cinema. É lógico, assim que o filme acabou e eu deixei de me enojar com a vilania dos políticos com nome de escritores pintada por Pereira dos Santos, meus velhos problemas voltaram a me assobrar.
Qual não foi a minha surpresa quando meu bom amigo de palco me liga chamando para uma balada?
Sim! Vila Olímpia, a banda tocava pop-rock nacional, o DJ uma tecnera brega, a long neck tava "cincão" mas eu... Eu triunfei.

Pois é, o lugar era claro demais, eu não sentei no balcão, não tinha dinheiro pra comprar nada além de uma skol beats e água, o fim de noite no motel não se concretizou; mas a companhia de uma mulher nunca falha: me sinto melhor...

22.4.06

Feriado...

Eu pensava que gostava de ficar sozinho. Eu não sou mais o mesmo.

Ficar em casa no feriado, enfrentar meu problema insolúvel, meus sentimentos mal resolvidos e responsabilidades que eu não quero cumprir...

Não é nada legal.

21.4.06

Sabe... Quando a gente pensa que está vivendo uma fase boa de leve melancolia e solidão pensativa...

Você de mãozinha dada com outro. Putz... É um soco na boca do estômago.

Não espere que eu reaja bem.
Nâo venha me perguntar como estou.
Será melhor pra você se eu só ficar encolhido bufando de dor...
Será melhor pra você se eu não reagir.

10.4.06

Não é que eu não goste de Axé. É que simplesmente não acho que axé valha 80 reais por noite!
Por favor, não me vejam como um nerd rancoroso e esnobe de classe média. Adolescente "rebelde" de classe média que só houve música em inglês e se acha superior à música que agita as "massas".

Simplesmente a idéia de vestir uma roupa colorida, ficar pulando freneticamente e aplicando chaves de braço para conseguir algo mais do que um selinho de meninas que não estão tão afim de ficar comigo não condiz com meu espírito, muito menos com meu estado de espírito. Meu espírito é de rock inglês... A balada ideal pra mim seria sentar num balcão iluminado por uma luz azul-arroxeada melancólica, bebendo alguma coisa ácida de gradação alcoolica entre 20 e 30 GL so som de "How soon is now?" , trocar olhares com uma jovem bela e desencanada, seduzi-la com conversa mole, engajar-me num beijo longo e libidinoso e terminar a noite num motel. Será que eu tô pedindo demais!?

É lógico, como esse tipo de comportmaneto não condiz com o conceito de balada de nenhuma pessoa que eu conheço, eu vou às festas da faculdade. Encho a cara de cerveja, fanta com vodka e tequila. Danço engraçado ao som dos últimos sucessos na FM ou dos hinos universais do axé. Tento trocar olhares sem ser correspondido, tento abordar garotas mas não consigo resistir ao menor sinal de negativa. Encho mais a cara, procuro meus amigos na tentativa de encontrar algum que esteja na mesma situação que eu, troco alguns comentários irônicos. Dou mais uma volta no salão para perceber que todas as estão se agarrando com alguém mais esperto que eu e provavelmente as que não estã já estiveram. Bebo mais ainda, procuro alguns amigos meus que estejam tão cansados da festa quanto eu, andamos até o metrô em zigue-zague falando bosta pra quem quiser ouvir. Depois que desço na estação tento andar em linha reta (o que é difícil) e manter uma expressão de louco maníaco-depressivo agressivo (o que é fácil). Chegando em casa faço questão de me atirar na cama como se tivesse sido nocauteado, tiro apenas os sapatos e durmo em poucos minutos.

Agora vocês devem estar pensando. Porque eu conto tudo isso? Porque eu me exponho desse jeito. Ora, é óbvio: eu sou extremamente orgulhoso e narcisista. E se não consigo ser admirado na balada quero que pelo menos meu fracasso seja contemplado com alguma atenção especial devido a minha honetidade. É lógico mantenho a esperança de que só meus amigos mais próximos leiam isso, mas está aí, na rede, para quem quiser ver.

Mas eu ainda não desisti: nesse feriado eu vou à praia, vou sacrificar meu tom de pele pálido e doente que eu prezo tanto, que reflete meu espírito, por algo levemente mais moreno e saudável na esperança de ficar mais atraente. Porque, no fim, meus problemas se resumem ao fato de que eu não peguei ninguém.