28.12.06

Changes




I still don't know what I was waiting for
And my time was running wild
A million dead-end streets
Every time I thought I'd got it made
It seemed the taste was not so sweet
So I turned myself to face me
But I've never caught a glimpse
Of how the others must see the faker
I'm much too fast to take that test

Ch-ch-ch-ch-Changes
(Turn and face the strain)
Ch-ch-Changes
Don't want to be a richer man
Ch-ch-ch-ch-Changes
(Turn and face the strain)
Ch-ch-Changes
Just gonna have to be a different man
Time may change meBut I can't trace time

I watch the ripples change their size
But never leave the stream
Of warm impermanence and
So the days float through my eyes
But still the days seem the same
And these children that you spit on
As they try to change their worlds
Are immune to your consultations
They're quite aware of what they're going through

Ch-ch-ch-ch-Changes
(Turn and face the strain)
Ch-ch-Changes
Don't tell t hem to grow up and out of it
Ch-ch-ch-ch-Changes
(Turn and face the strain)
Ch-ch-Changes
Where's your shame
You've left us up to our necks in it
Time may change me
But you can't trace time

Strange fascination, fascinating me
Changes are taking the pace

I'm going through
Ch-ch-ch-ch-Changes
(Turn and face the strain)
Ch-ch-Changes
Oh, look out you rock 'n rollers
Ch-ch-ch-ch-Changes
(Turn and face the strain)
Ch-ch-Changes
Pretty soon you're gonna get a little older
Time may change me
But I can't trace time
I said that time may change me
But I can't trace time

David Bowie

27.12.06

volta

O céu cinza de nuvens e o clarão das luzes da cidade - sem estrelas. O ar úmido da noite de um dia quente.
Desço do ônibus na São Paulo das ruas vazias.
A voz distante de uma conversa oculta pelas esquinas. O som dos carros abafado pelos prédios que dormem.
Eu gostava de passar devagar por tudo isso.

Mas já não quero me molhar na garoa.
E eco dos meus passos lentos já não me fazem pensar.
Examino apreensivo as sombras das fachadas das casas e olho para trás para que ninguém me siga.

Um gato preto passa ao meu lado.
E se eu antes achava romântico, atravesso a rua para chegar depressa.

Passos rápidos não fazem eco.
Eu só quero chegar em casa e dizer pra ela que tá tudo bem.

8.12.06

"E tudo era azul, Marco, azul e frio.

Comecei a nadar. Não tinha mais medo. Nadava sem saber para onde, mas confiante de que chegaria em algum lugar.

Não, eu não parava para descansar. Não havia como. Onde eu me apoiaria? Era só a água azul e fria; a pálida luz azul que vinha do fundo insondável e os distantes vitrais no teto, nos quais o reflexo azul da água se projetava sob escuridão de um céu sem nuvens e sem estrelas. Mais nada.

Não sei por quanto tempo nadei até que senti meus braços esbarrarem em sua pele. Parei estarrecido.

Sim, Marco, era ela. A mesma moça dos cabelos vermelhos. A que me observara silenciosa durante o estranho ritual dos homens de terno; a que me conduzira para fora do labirinto, que sorria para mim, distante, das janelas dos edifícios.
Mas ela já não sorria. Estava nua, como eu, mas não nadava. Flutuava estranhamente: não movia as pernas e seus braços se apertavam sobre os seios tentando se proteger do frio azul, que dava um tom pálido a sua pele, tingia seus cabelos de um roxo triste.

Ela que, com um sorriso tranqüilizador, tomara minha mão e me mostrara a saída do labirinto de azulejos brancos , me lançava agora um olhar melancólico e pedia minha ajuda. Era ela, agora, que queria sair dali.

Mas o que podia eu fazer? Só então percebi que não tinha a menor idéia de onde estava e já não sabia mais porque nadava a tanto tempo. Olhei para o vazio em que me encontrava e tive medo.

A abracei. Com todas as forças que ainda tinha. Seu corpo ainda era mais quente que o meu. Sentia sua respiração assustada em meu ouvido e a apertava com força. Nossos corpos se entrelaçaram – flutuávamos.

E foi só quando nos beijamos que a água começou a se mover. Como um mar revolto. Ondas conduziam nossos corpos. A luz foi ficando mais intensa, até o azul dar lugar a um clarão que não nos permitia enxergar nada além de um ao outro.

Não demorou muito e percebi que havíamos chegado a uma espécie de porto. Nossos pés tocaram um chão de pedra, de um lugar que lembrava a ruínas de um templo antigo invadido por um rio. Um lance de escadas nos levou a um quarto.

Era pequeno e branco sem nada além de uma grande cama. Uma janela ampla, de vidro, deixava entrar o sol de um dia bonito. Lá fora, pessoas passavam apressadas, distantes. Estávamos em um prédio alto.

Deitamos e nos amamos. E seu corpo era quente, seu coração batia forte, sua respiração fazia tremer as janelas e seus cabelos exalavam um cheiro doce que enchia o quarto e me entorpecia como uma droga.

E tudo era ela. Tudo era vermelho e tudo fazia sentido. Nós riamos da pressa das pessoas lá embaixo e de tudo que acontecera até então. Ela me contava do caminho que fizera até ali e de como havia se perdido. E eu lhe perguntava o que era tudo aquilo e o que tinha acontecido naquela manhã em que as pessoas desapareceram. Ela sorria e dizia que também não sabia, e era o bastante. Estávamos felizes.

Mas então, Marco, algo aconteceu. Um barulho lá fora. Algo sério e ruim. Eu não tive coragem de olhar pela janela para ver o que era. Seu sorriso se desfez e ela disse que precisava ir. Que estava triste porque queria voltar mas não sabia se eu ainda estaria ali. E eu disse, assustado, que também não sabia. Que desde aquela manhã de segunda feira eu seguia sem saber onde estava, num fluxo de lugares e pessoas que não entendia. Disse que tinha medo de que ela se fosse, porque as coisas só pareciam fazer sentido quando ela aparecia.

E enquanto eu dizia isso, Marco, ela desapareceu. Foi o piscar de olhos entre uma palavra e outra ela já não estava mais lá.

Marco, de tudo que aconteceu, nada me perturba e entristece mais que isso. Tanto que eu nem sei bem como te contar. Saí do quarto tentando a encontrar, mas me deparei apenas com corredores escuros e vazios de um prédio de escritórios. Tentei voltar, mas a porta já estava trancada.
Estava perdido de novo."
O' Toothle - Flow

20.11.06

Woyzeck




"Ah, Maria! Você precisava me ver com o grande penacho e as luvas brancas..."

19.11.06

Guerra

Esse eu escrevi a algumas semanas mas não postei porque andava sem tempo. Além disso achei que ficou com cara de Sabrina...

Franz acordou em meio a um campo desolado.

Vergonhosamente abatido pelo deslocamento de ar de uma explosão de granada, fora deixado para trás pelos companheiros em retirada e dado por morto pelos inimigos que avançavam.

Ergueu-se enfrentando a dor impregnada em cada músculo, cada osso, e caminhou contra a vontade da mão invisível que esmagava seu crânio e fazia girar a paisagem.

Deixou para trás os corpos gelados dos outros soldados e percorreu aquela bucólica região francesa, descolorida pelo inverno, entristecida pela Guerra. Passava por algumas casa destelhadas e chamuscadas pelas bombas de seu poderoso exército, quando notou que lhe observavam.

Era jovem e bela, num vestido longo chamuscado. Seus olhos brilhavam e o rosto pálido refletia medo e pena.

Sem pensar, num delírio febril, cambaleou desesperado e desabou, patético, a seus pés.

Ela o recebeu. Cuidou de suas feridas. Lhe deu de sua água. Compartilhou da pouca comida que tinha. E quando a noite veio, fria, aqueceu seu corpo com o calor de seu corpo.

Não trocaram uma palavra, sabiam que não entendiam a língua um do outro. E naqueles tempos de brados de bravura e choro desesperado sentiam-se felizes em falar através de olhares.
Ela vivia sozinha no vilarejo arruinado: orfã e viúva da guerra.

Na manhã seguinte, ela lhe serviu chá. ("Onde é que teria conseguido chá em meio a tudo isso!?") Ele sorveu o líquido precioso, reconfortante, que aquecia suas vísceras. Sentiu-se vivo como a muito não sentia.

Quando terminou, pôs a xícara sobre a mesa, caminhou lentamente até a jovem a abraçou, como se abraça a quem ama, e beijou devagar seus lábios vermelhos. Olhando-a nos olhos, disse, mesmo sabendo que ela não entenderia suas palavras: "Tenho que voltar para a guerra."

Ao fechar a porta atrás de si, estava um pouco triste, envergonhado, mas nem por isso menos confiante.

E confiante partiu rumo a seu destino: o frio e estúpido destino dos homens.

29.8.06

Passo de black jeans a Black Label,
charutos importados em coquetéis sociais.
Terno, gravata, mala preta.

Queria estudar cinema,
escrever poemas,
fazer história.
Queria ser Johnny Cash,
tocar guitarra,
usar drogas.

Só o cash.
E nada faz sentido .


Baseado no poema de uma amiga.

25.8.06

Vago

fumaça preta no ar
mendigo num torto vagar
trânsito devagar

Puta vida besta, meu!

23.8.06

Genética


tia, eu, tia, tio, tia, primo, amiga, irmão, prima, pai, mãe

21.8.06

E qual não foi minha surpresa, Marco, quando eu reparei que estava sozinho. Não, Marco, não estava simplesmente desacompanhado. Não havia mais ninguém lá. Imagine só: em plena Picadilly Circus Station, às nove da manhã de uma segunda feira de primavera, sozinho. Nenhuma alma viva ao longo do imenso tubo de azulejos além de mim.
Não foi como se as pessoas tivessem desaparecido de repente. Não pude perceber de que forma aconteceu, nem qual fora o último momento que vira alguém. Simplesmente seguia meu caminho como sempre, sem reparar muito em nada, como sempre, e, quando percebi, estava sozinho. Senti gelar a ponta dos dedos e por um momento pensei que minhas pernas não seriam capazes de me sustentar. Como aquilo era possível?


O' Toothle - Flow (Tradução Livre)

15.8.06

Morna manhã

Talvez por preguiça.
Talvez por cansaço, ou sono mesmo.
Talvez seja o Processo, as Obrigações, o Crime, a Pena.
Ou as ondas de calor que sobem dos asfalto junto com a fumaça preta
que me fazem arder os olhos,
e me queimam a garganta.
Ou talvez seja mesmo a velha melancolia.

Hoje,
quando o sol, amarelo, invadiu meu quarto,
o despertador gritou, estridente, irritante.
Mas por mais que insistisse,
não movi um músculo.

12.8.06

Grilo falante

Postura. Cabeça erguida. Olhe nos olhos.
Aja naturalmente. Não se reprima, gesticule ao falar.
Não.... Para... Tá gesticulando demais, você não é assim.
O que você tá fazendo? Nunca cruze os braços! É uma barreira, um sinal de desconforto com a situação!
Ninguém tá desconfortável com a situação aqui...
Olhe para os lados, despretensiosamente.
Conheço essa menina. Será que cumprimento?
Não, ela não gosta de mim. Tá me evitando...
E além de tudo ela é um nojinho. Não vale a pena.
Ela te viu. Tá vindo pra cá.
Finge que não viu.
...
O que é que você tá fazendo quieto! Fala!
Tira a mão do bolso!
Peraí... Não!
Sua rodinha tá se desfazendo!
A culpa é sua!
Você é uma vergonha...

E agora? Para onde?
Isso, isso. Esse pessoal é legal.
É mais fácil falar com eles.
Isso! Viu? Eles estão rindo! Não é difícil...
Continue assim.
...

Ela tá olhando pra você.
Até parece. É bonita demais.
Não, tá olhando pra você.
Cochichou alguma coisa com a amiga.
Ela não parece afim de você.
Deve estar te achando engraçado, ridículo.
Seu cabelo deve estar esquisito.
Não tem nenhum espelho por perto...
Só uma ajeitadinha...
Porra! O que você fez!
Seu cabelo devia estar bom, agora ficou esquisito!
Esquece o cabelo! Olha de novo pra ela.
Sumiu...

Você se preocupa demais. Não deveria se preocupar tanto.
E agora tá perdido na conversa.
Vai pegar uma cerveja.

...

Nada como a bebida para dissolver a preocupação.
Mas calma, você bebeu demais.
Anda em linha reta.
Não! Não tropeça na latinha.
Postura. Olhe nos olhos.

Dance. Dance!
Você dança de um jeito ridículo.
Por isso as pessoas da roda pararam de dançar.
Têm medo de estar dançando de maneira tão ridícula quanto você.
Dance diferente. Dance menos.
Olhe para ela. Ela é bonita.
Ela está olhando pra você.
Vocês já conversaram, lembra?
E ela te olhava nos olhos.
E ela tá te olhando agora.
Esquece o cabelo.
Vai lá conversar com ela.
Espera. Não é o momento.
Vai logo.
Não. Vai ser estranho sair agora...
Dança mais um pouco, mas tenta não dançar esquisito.
Agora. Agora é a hora.
Vai lá...
Peraí, a amiga dela tá falando alguma coisa.
Foram embora.

...

Você não devia beber assim.
Agora é impossível andar reto.
Toma o último engov. É um equilíbrio delicado.
Mantém sua matéria unida.
Não tropeça, não cai, não vomita.
Tenta não falar com essa voz pastosa.

Vai pra casa. Dorme.
Não tenta justificar seu fracasso.
Amanhã você escreve alguma coisa no seu blog.

8.8.06

Seria muita avareza?

Dizem que a trovinha ofende os garçons.
Será que eles não entendem o ar jocoso amigável?

Dizem que a brincadeira esconde uma lógica social perversa.
"Imagina só dizer pra um mendigo que você pode comer de graça porque tem dinheiro!"

Ou será que é a gente que não entende a ofensa?
Será que a gente não entende mesmo?

E o judas do Matrix comia um bife suculento: "Ignorance is a blessing...".
Seria uma picanha classe A?

Agora eu li...


"Super-heróis eram fortes, sim. Alguns voavam, outros sabiam lutar. E atirei-os todos pela janela, um a um, sem dó. Toda coleção afundando na lama, as roupas tão brilhantes naqueles corpos musculosos sumindo na sujeira."
Mariana Carrara - Idílico

10.7.06

Tudo a ver com a Vie en Blanc

"_Desde James Joyce -- disse ele --, sabemos que a maior aventura de nossa vida é a ausência de aventuras. Ulisses, que tinha lutado em Tróia, voltava singrando os mares, pilotava ele mesmo seu navio, tinha uma amante em cada ilha, não, não é isso nossa vida. A odisséia de Homero transportou-se para dentro. Ela se interiorizou. As ilhas, os mares, as sereias que nos seduzem, Ítaca que nos chama, não são hoje senão vozes de nosso interior." Milan Kundera, O Livro do Riso e do Esquecimento

Copiado do Blog da Mari (www.marianacarrara.zip.net)

8.7.06

Tecnologia

Nossa geração é uma geração perdida.

Não é só culpa do consumismo; da televisão e das inúmeras outras quinquilharias eletro-eletrônicas que nos distraem, desviam nosso interesse de atividades intelectualmente produtivas como... ler.

As maravilhas da tecnologia da comunicação tornaram até mesmo as atividades intelectuais menos produtivas.

Pensem bem... No passado, quando alguém queria ler algumas coisa, absorver informações, tinha que recorrer aos meios impressos: livros, jornais, revistas, etc... Meios de difusão cara. Selecionavam-se, portanto os melhores escritores, jornalistas, articulistas, para escreverem. Quem não tinha e talento ou empenho não podia disseminar seus textos medíocres por aí e esperar, pior, exigir que as pessoas perdessem seu tempo lendo aquilo.

Agora qualquer idiota pode criar um blog postar a merda que quiser. E, não contente de ter um espaço para disseminar textos que não merecem ser disseminados, pode ainda entrar no msn, orkut, e-mail ou qualquer uma dessas porcarias e ficar irritantemente exigindo: "Comenta no meu blog!".

Insuportável!

Agora, com licença, vou jogar Need For Speed...

22.6.06

Das paixões

É em tempos de desequilíbrio emocional e incertezas que me sinto mais feliz.

Sentar todos os dias na carteira dos fundos da Faculdade de Direito e assistir, sonâmbulo, ao falatório monocromático sobre o sistema jurídico brasileiro. Ficar pensando o quanto aquela massa de racionalismo analítico-positivo salpicada de hipocrisia vai ser importante na minha rotina, pelo resto da vida, costuma me deixar um tanto quanto deprimido.

O que me salva são as crises de choro, as explosões de alcoolismo, os beijos apaixonados. O comportamento contraditório, desregrado, irracional, auto-destrutivo.
É nos momentos de desequilíbrio bioquímico, da fala hesitante, do encontro dos lábios quentes, do respirar ofegante, dos corpos ardendo, das palavras tolas; que a vida faz sentido.

E as dúvidas, os dilemas, a ressaca, o arrependimento; os pensamentos que me tiram o sono: nada disso impede que eu acorde cedo no dia seguinte, vá para a faculdade, e comente, com um sorriso no rosto, que fui mal na prova.

10.6.06


Hum... Ei! Agora estou bêbado.

9.6.06

Fases

Descobri que sou um sujeito inconstante.

Alguns dias atrás voltava pra casa rancoroso e triste, passei na LANhouse, despejei algumas frases, envenenado, e me arrastei pro meu colchão, derrotado, sem vontade de acordar.

Agora chego em casa quase eufórico quinta feira a noite. Passarei o resto da madrugada estudando Direito e, tenho certeza, a manhã serei capaz de responder cada pergunta, expor articuladamente a matéria. Obrigado.

Meus colegas de república vão começar a achar que uso drogas...

3.6.06

Mais...

Mais do que ciúme. Mais do que sentimento de posse ofendido. Mais do que ira e descontrole. Mais do que desespero.
Vergonha: vergonha e raiva contida.
Vergonha, raiva contida, coragem perdida.
Não pergunte, não aconselhe, não revele. Só tente entender.

O sacerdote filósofo, monge inseguro (Mr. Locke) passa anos adorando, ressabiado, uma pedra. Na esprança incerta de se tratar de um artefato mágico, algo além de mero carbono e silício.
Num dia bom, um momento de reflexão e descobre: a pedra é pedra.

Orgulho ferido. Mais do que melancolia: vergonha e coragem perdida.
Não quero mais ser bom.

18.5.06

A cidade explode em guerra. Eu morro de tédio. E tudo continua na mesma: mal resolvido.

30.4.06

Você pensa que sabe quem eu sou.
Pensa que estas palavras expressam sentimentos e que foram escritas por alguém: carne e osso; de sangue, calor e toque.
Alguém.
Alguém que vocêo pode encontrar, olhar nos olhos e perguntar como se sente.

Pense melhor.

Eu não existo.

Eu
não
existo
mais
para você.

Você não pode mais me encontrar.
Eu sou feito de nada.
De nada é feito meu olhar.

Eu não sinto.

Eu?
Não existo.

23.4.06

À noite...

Já estava feliz de ter conseguido manter uma postura de dignidade diante de patética situação de estar estudando processo sozinho na porta do cinema. É lógico, assim que o filme acabou e eu deixei de me enojar com a vilania dos políticos com nome de escritores pintada por Pereira dos Santos, meus velhos problemas voltaram a me assobrar.
Qual não foi a minha surpresa quando meu bom amigo de palco me liga chamando para uma balada?
Sim! Vila Olímpia, a banda tocava pop-rock nacional, o DJ uma tecnera brega, a long neck tava "cincão" mas eu... Eu triunfei.

Pois é, o lugar era claro demais, eu não sentei no balcão, não tinha dinheiro pra comprar nada além de uma skol beats e água, o fim de noite no motel não se concretizou; mas a companhia de uma mulher nunca falha: me sinto melhor...

22.4.06

Feriado...

Eu pensava que gostava de ficar sozinho. Eu não sou mais o mesmo.

Ficar em casa no feriado, enfrentar meu problema insolúvel, meus sentimentos mal resolvidos e responsabilidades que eu não quero cumprir...

Não é nada legal.

21.4.06

Sabe... Quando a gente pensa que está vivendo uma fase boa de leve melancolia e solidão pensativa...

Você de mãozinha dada com outro. Putz... É um soco na boca do estômago.

Não espere que eu reaja bem.
Nâo venha me perguntar como estou.
Será melhor pra você se eu só ficar encolhido bufando de dor...
Será melhor pra você se eu não reagir.

10.4.06

Não é que eu não goste de Axé. É que simplesmente não acho que axé valha 80 reais por noite!
Por favor, não me vejam como um nerd rancoroso e esnobe de classe média. Adolescente "rebelde" de classe média que só houve música em inglês e se acha superior à música que agita as "massas".

Simplesmente a idéia de vestir uma roupa colorida, ficar pulando freneticamente e aplicando chaves de braço para conseguir algo mais do que um selinho de meninas que não estão tão afim de ficar comigo não condiz com meu espírito, muito menos com meu estado de espírito. Meu espírito é de rock inglês... A balada ideal pra mim seria sentar num balcão iluminado por uma luz azul-arroxeada melancólica, bebendo alguma coisa ácida de gradação alcoolica entre 20 e 30 GL so som de "How soon is now?" , trocar olhares com uma jovem bela e desencanada, seduzi-la com conversa mole, engajar-me num beijo longo e libidinoso e terminar a noite num motel. Será que eu tô pedindo demais!?

É lógico, como esse tipo de comportmaneto não condiz com o conceito de balada de nenhuma pessoa que eu conheço, eu vou às festas da faculdade. Encho a cara de cerveja, fanta com vodka e tequila. Danço engraçado ao som dos últimos sucessos na FM ou dos hinos universais do axé. Tento trocar olhares sem ser correspondido, tento abordar garotas mas não consigo resistir ao menor sinal de negativa. Encho mais a cara, procuro meus amigos na tentativa de encontrar algum que esteja na mesma situação que eu, troco alguns comentários irônicos. Dou mais uma volta no salão para perceber que todas as estão se agarrando com alguém mais esperto que eu e provavelmente as que não estã já estiveram. Bebo mais ainda, procuro alguns amigos meus que estejam tão cansados da festa quanto eu, andamos até o metrô em zigue-zague falando bosta pra quem quiser ouvir. Depois que desço na estação tento andar em linha reta (o que é difícil) e manter uma expressão de louco maníaco-depressivo agressivo (o que é fácil). Chegando em casa faço questão de me atirar na cama como se tivesse sido nocauteado, tiro apenas os sapatos e durmo em poucos minutos.

Agora vocês devem estar pensando. Porque eu conto tudo isso? Porque eu me exponho desse jeito. Ora, é óbvio: eu sou extremamente orgulhoso e narcisista. E se não consigo ser admirado na balada quero que pelo menos meu fracasso seja contemplado com alguma atenção especial devido a minha honetidade. É lógico mantenho a esperança de que só meus amigos mais próximos leiam isso, mas está aí, na rede, para quem quiser ver.

Mas eu ainda não desisti: nesse feriado eu vou à praia, vou sacrificar meu tom de pele pálido e doente que eu prezo tanto, que reflete meu espírito, por algo levemente mais moreno e saudável na esperança de ficar mais atraente. Porque, no fim, meus problemas se resumem ao fato de que eu não peguei ninguém.

3.3.06

Mercado Imobiliário

-Bassano Martinelli, Imobiliária. Em que posso ajudá-lo?
-É sobre um apartamento na...
-Espere um minuto que estou transferindo para a sessão de apartamentos...

"Nós da basano Martinelli estamos sempre trabalhando para melhor atendê-lo..."
...
"Nossa equipe de corretores..."
...
"os melhores imóveis para venda ou locação..."
...
-Pois não?
-É sobre um apartamento aqui na rua da Glória n°...
-É para venda ou locação?
-Loca...
-Vou transferir para a locação.
...
"...nas melhores regiões e sob as melhores condições..."
...
"está sempre disposta a atendê-lo da melhor forma..."
...
"para venda ou locação..."
...
-Locação, boa tarde!Em que posso ajudá-lo?
-É sobre um apartamento na Rua da Glória...
-Que número?
-523
-É para venda ou locação?
-Ãhn... é... loca.. você não é da locação?
-Espere um minuto que vou te transferir para um de nossos corretores.
...
"...de corretores está sempre disposta..."
...
"...ou locação, nas melhores regiões..."
...
"...sempre trabalhando para melhor atendê-lo..."
-Senhor, todos os nossos corretores estão ocupados no momento, você gostaria de deixar seu nome e telefone para podermos estar retornando?
-Tudo bem. É Paulo.
-Paulo...
-E o telefone é...
-Qual o sobrenome?
-É... o sobrenome é Gianetti
-Bianeti.
-Não, com "G" de "gato".
-Senhor, eu estou trabalhando...
-Não! Eu só quis dar um exemplo e...
-Eu não sou paga para isso...
-Mas eu não quis dizer nada...
-...
-...
-Se quiser a gente pode combinar alguma coisa...
-Mas eu só queria deixar o telefone...
-Tudo bem...
-O DDD é 16...
-Dezesseis...
-E o telefone é 81150817.
-Oito um cinco zero oito dezessete...
-Não, tem dois...
-Dois?
-Dois "um"!
-Dois um?
-É: oito, um, um de novo, cincozerooitodezessete...
-Oitentaeumquinzezerooitodezessete?
-Isso!
-E o DDD é dezesseis?
-Exato...
-Possui telefone de São Paulo?
-Não...
-Não mesmo?
-Não.
-Estaremos entrando em contato ainda hoje...
-Obrigado, tchau!
...
-Bassano Martinelli, boa tarde! Em que posso...
-É que eu liguei ontem a respeito de um apart...
-Aguarde um momento que estamos transferindo...
"...sempre trabalhando para atendê-lo..."
-...É na Rua da Glória número 523...
-Senhor, todos os nossos corretores estão ocupados no momento. Poderia deixar seu telefone...
-Mas eu já deixei meu telefone!
-Qual seu nome?
-É Paulo Gianetti...
-Ah! O G de gato!
-Er... Quando vocês poderiam me retornar porque eu precisava ver isso meio rápido e...
-Você tem uma bela voz sabia?
-Oi?
-Parece locutor...
-Ah... É brigado... Você també...
-Brigada!
-Vocês têm meu telefone...
-...
-Porque eu queria...
-Oitentaeumquinzezerooitodezessete!
-Isso...
-Estaremos retornando assim que possível!
-Obrigado.
...
-Alô?
-Senhor Paulo Gianêti?
-É...
-Aqui é Antônio da Bassano Martinelli. O senhor tinha ligado a respeito do apartamento na Rua Apogeu?
-Era na Rua da Glória...
-Ah... Não era na Rua Apogeu?
-Não, Rua da Glória...
-Acho que me passaram a informação errada.
-Tudo bem.
-Esse da Rua da glória tem 3 quartos, garagem, uma suíte. Muito bom apartamento.
-E quanto tá saindo?
-O proprietário tava pedindo 1100...
-E o condomínio?
-570, mas já foi alugado...
-Obrigado pela informação...
-Mas tem o apartamento na Rua Apogeu...
-Não, obrigado. Tchau.
-É um excelente apartamento...
-Tá, tá bom.Tchau!
-Tchau...
...
-Alô?
-Paulo?
-Pois não?
-Paulo Gianetti?
-Ele mesmo, quem está falando?
-"G de gato", aqui é a Sabrina da Bassano martinelli. Ainda quer sair comigo?

24.1.06

Engraçado que quanto mais tempo livre eu tenho, mas eu tenho a sensação de que o estou desperdiçando, então aí vai uma historinha:

Saio de casa apressado. Estou entrando no elevador quando lembro que tenho que trancar a porta. Bato a mão no meu bolso direito: cadê a chave? Nesse bolso não está procuro no esquerdo, nos de trás, nada. Vou até meu quarto procuro em cima da minha escrivaninha, não vejo chave nenhuma então vou procurar na sala. Olho em cima da mesa de jantar e de todas as mesinhas revirando aquela papelada que a gente trás da rua e vai deixando acumular, mas nada de chave. A papelada da sala me lembra que eu não procurei embaixo dos papéis que estão na minha escrivaninha. Volto esperançoso pro meu quarto e reviro os papéis. Pra minha decepção: nada.

Me desespero. Vou procurar no escritório, olho dentro de cada porta-caneta e só encontro... canetas! Passo a agir de modo irracional, vasculho o banheiro, procuro no bolso das calças no cesto de roupa suja. Procuro na cozinha, em cima da pia, embaixo da pia. "Por que eu estou olhando dentro da geladeira?" O tempo urge, começo a correr de um canto para o outro da casa sem pensar direito no que estou procurando...

Paro no meio da sala, respiro fundo e tento raciocinar.

É lógico! Tenho uma chave reserva dentro da carteira! Mas onde está minha carteira? Devo ter a deixado em algum lugar quando procurava a chave! Vou para o meu quarto e não a vejo, em lugar nenhum! Desesperado começo a revirar os papéis furiosamente! Para minha surpresa ela estava lá. Vou caminhando aliviado em direção à porta enquanto abro a minha carteira...

"Merda! Cadê a chave de emergência?!"

Devo ter esquecido na fechadura quando a usei pra trancar a porta por dentro anteontem. Mas não tem chave nenhuma na porra da fechadura!

Em pé diante da porta aberta, sem nenhuma chave, desolado. Olho para o lado, pendurado na parede há uma suporte de metal com diversos ganchinhos no qual se lê: "Keys". Lá estão minha chave de emergência, o chaveiro com a chave de casa e - ahh... já ia esquecer - a chave do carro - eu vou precisar dessa também.

Mas quem mandou pendurar as malditas chaves aí! Deve ter sido meu pai. Se ele tivesse deixado as chaves no lugar que elas estavam eu não ia ter perdido tanto tempo!

Tranco a porta, pego o elevador correndo. Desço, vou até o carro. Antes de abrir a porta, me apalpo para ver se eu peguei tudo. Carteira, ok; chaves, ok; celular... merda! Subo correndo, e volto a correr pela casa que nem um peru bêbado.

Não perco muito tempo procurando: pego o telefone da sala e ligo pro meu celular. "Ah... Quem dera as chaves de casa também tivessem um número que a gente ligava e fazia barulho". O telefone está chamando, mas não consigo ouvir meu celular. Ando pela casa ligando repetidas vezes para o meu próprio número, mas é inútil. Será que eu o esqueci em algum lugar? Não. Eu me lembro de ter atendido a uma chamada enquanto voltava pra casa ontem... Devo ter deixado no carro.

Tranco a porta, desço até o carro, mas meu celular não está lá. Olho no porta-luvas e não encontro celular nenhum (nem luvas). Volto para casa, cabisbaixo, e ligo novamente no meu número. Sento desanimado no sofá da sala com o telefone no ouvido. Um sorriso desponta em meu rosto quando ouço um leve zumbido "Bzzzz... BZZZZ... Bzzzz...". É claro! Pus o celular no modo silencioso ontem no cinema e esqueci de religar o som. E não é que o danado está escondido no meio do acolchoado do sofá!

De volta ao carro, estou com todos meus pertences no seu devido lugar mas sinto falta de meus óculos de sol. Nessa época do ano não é bom andar de carro sem óculos de sol. Olho pela janela: Que bom! Está nublado, não vou precisar de óculos nenhum. Tiro o carro da garagem. O céu se abre e mal consigo manter meus olhos abertos, tamanha a claridade. Hesito. Será que vale a pena voltar? Afinal, daqui a pouco o tempo pode fechar novamente... Olho para o asfalto escaldante, gerando ondulações no ar. Lembro-me daquele oftalmologista na TV falando sobre os efeitos nocivos dos raios UV na retina. Me lembro das dores de cabeça terríveis que tive semana passada por ter ficado lendo à luz do sol sem óculos e resolvo voltar para pegar os malditos.

Depois de alguns minutos procurando acho meus óculos em cima da máquina de lavar roupa. Vou, mas logo tenho que voltar pra dentro de casa pois enquanto procurava os óculos deixara as chaves em cima da televisão.

De volta ao carro percebo que o tempo voltou a fechar. Aliás, parece que vai chover. Ponho os óculos mesmo assim, só de birra. Checo novamente se está tudo comigo e, para minha surpresa, tudo está em seu devido lugar.

Manobro rapidamente para sair da garagem, paro o carro por um instante e penso:

"Onde é que eu estava indo mesmo?"

21.1.06

Advinhem o que eu estava pensando:
- Ah... O Mar... A mais profunda melancolia se abate sobre minha alma...
- O que é aquilo? Um pássaro? Um Avião?
-Olha: que coisa mais linda, mais cheia de graça...
- Aquela bola de fogo voadora está vindo na nossa direção!
-Aquilo é uma baleia encalhada ou a tia Zumira fazendo topless?
- Vou imitar aquele modelo da propaganda...
- Vou imitar os Backstreet Boys...
- "A Vida Marinha com Steve Zissou". Posted by Picasa
Está inaugurado La Vie en Blanc meu segundo blog, que eu não sei se vai durar mais do que meu primeiro, de cujo nome não me lembro e que não passou de alguns meses e uns cinco posts pouco significativos.
Não que os posts que serão vistos aqui serão mais significativos, disso eu duvido muito, já que, mesmo esse post é muito parecido com os que costumava enviar ao meu antigo blog.
Enfim, sempre gostei da idéia de ter um blog mas sempre me faltou tempo e determinação para cuidar bem de um.
Crio este agora para ter o que fazer quando me sento no computador só para passar o tempo.

Divirtam-se!