25.6.07

romântico

A bebida desce doce
vermelha e quente
na boca

em direção
ao ácido frio
de dentro

desfaz os nós e
primeiro vazam lágrimas
em ondas

depois espasmos
volta o vinho
roxo ocre

quase negro

tinto
do quanto sinto
Tão cansado
de ser tão pouco
que não quero
levantar da cama

23.6.07

que artista nos fez assim
de rima metrificada
todo amor à piada
começo meio e fim?

Motel

Agora uma banheira fria e suja dos restos da paixão.
Pelos e cabelos flutuam pela espuma gordurosa. Água cinza-esbranquiçada, da poeira que se escondia nos poros. O sêmem que dissolveu incomoda o corpo nu. A pele gruda em si mesma, o cheiro doce irrita as narinas.

Espaço pequeno. Corpos molhados de rugas frias que já não se conhecem. Ela sai com um beijo duro e rápido em direção ao chuveiro. Um banho curto silencioso.

Espero que vá até a cama para me banhar. Mergulho na ducha de água e vapor e espero sair renovado.
Mas fico morno, mole, cansado.

O doce do esperma invade o quarto. A banheira continua lá, esperando que alguém enfie o braço até o cotovelo para esvaziar.

Quase seco, deito ao lado dela. Dorme. As curvaas agressivas escapam insinuantes do da toalha mínima, mas o desejo esbarra no resto da umidade que coça nas dobras do corpo. O lençol gelado que arrepia a espinha.

Apago as luzes. Ânsia de despertar pela manhã com a paixão de volta aos corpos secos.

...

Não consigo dormir.

18.6.07

hoje

Começo o dia muito pequeno para a casa vazia.

Por todos comodos não sei que procuro.

Fora, deslizo entre as pessoas, distante da sociedade em volta do almoço.

Nenhum livro. Os deveres mal-cumpridos.

Cinema para distrair e falar de arte.

No fim dormir e me perder entre os lençóis frios.

Sem vontade de pensar se a manhã virá ou não.

17.6.07

Sem motivo você conta

o que fez

sem nenhum sentido


sem sentir

diz

só eu sinto


agora vazio

você fala de livros


e eu que não consigo